Entre o Velho e o Novo: Riscos da Transição de Modelo de Negócios
- Diogo Lobak Neves

- 25 de nov.
- 2 min de leitura
Mudar o modelo de negócios de uma empresa, especialmente quando envolve transformação digital, é sempre um desafio estratégico. Embora a modernização seja necessária, a velocidade da mudança pode determinar o sucesso ou o fracasso dessa transição.
Toda empresa que está saindo de um modelo tradicional para um modelo digital passa por um momento delicado: o período em que o antigo ainda existe, mas já não é tão eficiente, e o novo ainda não está totalmente consolidado. É nesse intervalo que surgem os principais riscos.
O risco de avançar rápido demais
Quando a empresa tenta acelerar a transformação sem planejamento, pode romper rapidamente com sua base atual de clientes, especialmente os que ainda valorizam o modelo tradicional.
Exemplo prático: Imagine uma clínica de fisioterapia que sempre funcionou com atendimento presencial, recepcionistas e um modelo muito próximo do paciente. De repente, ela decide digitalizar tudo:
agendamentos apenas por aplicativo;
retirada do atendimento telefônico;
substituição total do contato humano por automações.
O que acontece?
Parte dos pacientes — principalmente os idosos, ou aqueles que valorizam o contato presencial — simplesmente não acompanha a mudança. A clínica fica sem a base que sustentava o faturamento, enquanto ainda não atraiu o novo público digital.
A pressa gera queda de receita e perda de clientes fiéis.
O risco de avançar devagar demais
Por outro lado, quem demora demais também paga um preço alto.
No mesmo exemplo da clínica, imagine que nada muda:
agendamentos só por telefone,
zero presença digital,
processos lentos,
baixa automação,
concorrentes lançando apps de autoatendimento e teleconsultas.
Enquanto o mercado evolui, a clínica fica presa em um funcionamento caro e ineficiente. A consequência é trabalhar por anos com uma lucratividade muito baixa, perdendo espaço para concorrentes mais modernos.
Aqui, a empresa não perde clientes por mudança brusca — ela perde por não mudar.
O equilíbrio é a chave
A estratégia ideal está no meio do caminho: uma transição por etapas, permitindo a coexistência do modelo tradicional com o modelo digital.
Usando novamente o exemplo da clínica, uma transição equilibrada poderia ser assim:
oferecer agendamentos online, mas mantendo o telefone;
introduzir teleconsultas como opção, não como substituição;
digitalizar prontuários internamente sem alterar a experiência do paciente;
testar automações primeiro no pós-atendimento;
implementar o app depois de testar a aceitação.
Assim, nenhum público é perdido, e a empresa aprende com dados antes de mudar por completo.
Como as empresas podem atravessar esse período com segurança
1. Entenda o cliente atual e o cliente desejado. Quem aceita mudança? Quem resiste? Quanto isso afeta receita?
2. Comece pequeno e aprenda rápido. Testes A/B, pilotos e fases controladas reduzem riscos.
3. Mensure tudo. Agendamentos, cancelamentos, satisfação, margem e uso da plataforma ajudam a guiar a velocidade da mudança.
4. Prepare pessoas e processos. Tecnologia só funciona quando a equipe está alinhada.
Conclusão
A transformação digital não é apenas sobre implementar tecnologia — é sobre equilibrar ritmo e estratégia. Mudar rápido demais pode destruir valor. Mudar devagar demais pode tornar o negócio obsoleto.
Empresas que conseguem encontrar esse equilíbrio atravessam o período de transição de maneira segura e chegam ao novo modelo com mais competitividade, eficiência e relevância.


