Como usar indicadores contábeis para melhorar o caixa da sua empresa
- Diogo Lobak Neves

- 16 de out.
- 3 min de leitura
Entenda como o Prazo Médio de Recebimento, de Estocagem e de Pagamento ajudam a prever e equilibrar o fluxo de caixa.
1. O que esses indicadores mostram
A contabilidade não serve apenas para calcular impostos — ela também revela quanto tempo o dinheiro demora para entrar e sair do seu negócio.
Os principais indicadores que todo gestor deve acompanhar são:
PME — Prazo Médio de Estocagem: Tempo que o produto fica parado no estoque até ser vendido.
PMR — Prazo Médio de Recebimento: Tempo médio que você leva para receber de seus clientes.
PMP — Prazo Médio de Pagamento: Tempo médio que você leva para pagar seus fornecedores.
Juntos, esses três formam o Ciclo Operacional e o Ciclo Financeiro — métricas essenciais para saber se o caixa da empresa está saudável.
2. Como calcular (sem complicar)
a) Prazo Médio de Estocagem (PME)
PME = (Estoque Médio / Custo das Mercadorias Vendidas) × 360
Exemplo: Uma loja tem estoque médio de R$ 45.000 e vende R$ 270.000 por ano. PME = (45.000 / 270.000) × 360 = 60 dias
Ou seja, os produtos ficam em média 2 meses parados no estoque antes de serem vendidos.
b) Prazo Médio de Recebimento (PMR)
PMR = (Contas a Receber / Vendas a Prazo) × 360
Exemplo: A loja vende R$ 300.000 a prazo por ano e tem R$ 25.000 em duplicatas a receber.
PMR = (25.000 / 300.000) × 360 = 30 dias
Em média, os clientes pagam em 1 mês após a venda.
c) Prazo Médio de Pagamento (PMP)
PMP = (Contas a Pagar / Compras a Prazo) × 360
Exemplo: A empresa tem R$ 20.000 em contas a pagar e compra R$ 240.000 por ano de fornecedores.
PMP = (20.000 / 240.000) × 360 = 30 dias
A empresa paga seus fornecedores em média em 1 mês.
3. O ciclo operacional e o ciclo financeiro
Ciclo Operacional
Ciclo Operacional = PME + PMR
No exemplo:
60 + 30 = 90 dias
O dinheiro “gira” no negócio em 90 dias — do momento em que o produto é comprado até o recebimento do cliente.
Ciclo Financeiro
Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional – PMP
No exemplo:
90 – 30 = 60 dias
👉 Significa que, em média, o dinheiro fica 60 dias “preso” entre pagar o fornecedor e receber do cliente.
4. Como aplicar na prática
Esses indicadores mostram onde está o gargalo do caixa. Alguns exemplos de ações práticas:
Se o PME for alto → reveja compras e estoques; talvez esteja comprando demais.
Se o PMR for alto → ofereça descontos para pagamento à vista ou use meios de recebimento mais rápidos.
Se o PMP for muito curto → renegocie prazos com fornecedores, equilibrando com o recebimento dos clientes.
Dica: uma empresa saudável costuma ter ciclo financeiro curto ou até negativo, ou seja, recebe antes de pagar — isso mantém o caixa positivo.
5. Exemplo prático de implementação
Imagine uma cafeteria que percebe que o dinheiro está sempre apertado no fim do mês. Com a ajuda do contador, ela mede seus prazos:
PME = 45 dias (muitos insumos parados)
PMR = 20 dias (clientes pagam via Pix e cartão)
PMP = 15 dias (fornecedores exigem pagamento rápido)
Ciclo Financeiro = (45 + 20) – 15 = 50 dias
Durante 50 dias, o dinheiro fica “preso” no processo. A solução aplicada:
Reduzir estoque (menos desperdício);
Negociar com fornecedores para pagar em 30 dias;
Manter as vendas no cartão, mas antecipar recebíveis quando necessário.
Resultado: o ciclo financeiro caiu para 35 dias e o fluxo de caixa se estabilizou.
6. Conclusão
Medir e acompanhar esses indicadores é uma forma simples de transformar dados contábeis em decisões de gestão. Eles mostram se a empresa está financiando os clientes, os fornecedores — ou se o dinheiro está parado no estoque.


